Nasce em Faro, Rua do Compromisso, dia 15 de Outubro de 1901. Dealbar do novo século.
Tem o mesmo nome de seu pai, José de Jesus Neves, acrescentando-se o Júnior, como elemento individualizador.
É em Faro que cresce, que frequenta a escola primária, o Liceu. Em Faro desperta o seu gosto pela música ao ouvir os sinos das igrejas nos dias santos. Pela leitura também.
Os livros, a leitura, as ideias, tornam-se cada vez mais importantes. E do pequeno livro infantil e das primeiras leituras de O Século avança para o romance, para Júlio Verne, Vitor Hugo, depois, Tolstoi, Herculano, Lamartine. Daí, salta para as questões sociais, económicas, políticas, para as teorias, doutrinas, como o socialismo, o anarquismo e para descoberta da Filosofia - Nietzche, Spencer, Schopenhauer entre outros, mais tarde Kant. A História prende-o assim como a epistemologia e a poesia. A música, sempre.
Rapaz de família de escassos recursos, interrompe os estudos após completar o 6º ano, para trabalhar num escritório comercial. Continua os seus estudos por si só e com a ajuda de um cónego para o latim. Faz o exame do 7º ano de Letras em Julho de 1920. Prossegue depois para a Faculdade de Letras de Lisboa, onde frequenta o curso de Ciências Histórico-Geográficas entre o ano de 1921 e Janeiro de 1927, data da apresentação da tese de licenciatura. Durante este período o sustento económico é feito à custa de explicações.
Inicia a sua actividade lectiva no Liceu Passos Manuel em Novembro de 1927. Segue-se o estágio no Liceu Camões de Janeiro a Junho de 1928, o Liceu de Faro (1928-29) e Beja (1929-30), o Liceu do Funchal (1930-38), o Liceu de Évora (1939-45) e novamente e em definitivo, o Liceu de Faro (1945-71). E nos interstícios destas três linhas breves, uma vida dedicada ao ensino e à cultura, à participação cívica. Uma vida em poucas linhas. Vida de quem quis ser professor, para toda a vida ser estudante.
Cristina Neves
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